A autofagia é um processo celular que degrada os componentes citoplasmáticos da própria célula para fornecimento de energia e para manter um ambiente intracelular adequado. O remodelamento reverso do ventrículo esquerdo (RRVE) promete melhorar o prognóstico de pacientes com cardiomiopatia dilatada (CMD).
OBJETIVOSOs autores testaram a hipótese de que a autofagia está envolvida no RRVE e tem valor prognóstico no coração humano com insuficiência.
MÉTODOSUtilizando amostra de biópsia endomiocárdica do ventrículo esquerdo de 42 pacientes com CMD (21 com RRVE e 21 sem RRVE) e sete pacientes com função cardíaca normal (controle), os autores realizaram marcação por imuno-histoquímica e por imunofluorescência de cadeia leve 3 da proteína 1 associada a microtúbulos e de catepsina D e observação por microscopia eletrônica, além de morfometria geral através de microscopia óptica.
RESULTADOSAs características clínicas dos pacientes com RRVE foram semelhantes àquelas dos pacientes sem RRVE, exceto para pressão arterial pulmonar e dimensão do átrio esquerdo. Não foi observada diferença na morfometria por microscopia óptica entre as amostras de pacientes com CMD, independentemente da presença ou não de RRVE. A microscopia eletrônica revelou que os vacúolos autofágicos (autofagossomos e autolisossomos) e os lisossomos eram abundantes no interior dos cardiomiócitos de pacientes com CMD. Além disso, os cardiomiócitos de pacientes com RRVE continham um número significativamente maior de vacúolos autofágicos, com maior taxa de autolisossomos e de níveis de expressão de catepsina D, quando comparados aos pacientes sem RRVE. A análise de regressão logística ajustada para idade demonstrou que o aumento do número de vacúolos autofágicos e da expressão de catepsina D foram preditores de RRVE. Os pacientes com CMD que alcançaram o RRVE apresentaram menos eventos cardiovasculares durante o período de seguimento.
CONCLUSÕESOs autores demonstram que a autofagia é um marcador preditivo útil de RRVE em pacientes com CMD. Isso fornece novas informações patológicas, transformando-as em uma estratégia para o tratamento da insuficiência cardíaca por CMD. (J Am Coll Cardiol 2022;79:789-801) © 2022 pela American College of Cardiology Foundation.