As evidências corroboram cada vez mais a relação entre a fibrose miocárdica (FM) e as arritmias ventriculares.
OBJETIVOSO objetivo deste estudo foi determinar se a presença de fibrose miocárdica na avaliação visual (FMAV) e massa de fibrose na área cinzenta (FAC) prediz morte súbita cardíaca (MSC) e fibrilação ventricular/taquicardia ventricular sustentada após colocação de dispositivo cardíaco eletrônico implantável (DCEI).
MÉTODOSNeste estudo prospectivo, a fibrose total e a massa de FAC, quantificadas por ressonância magnética cardíaca, foram avaliadas em relação ao desfecho primário de MSC e ao desfecho secundário e arrítmico de MSC ou arritmias ventriculares após o implante de DCEI.
RESULTADOSEntre 700 pacientes (idade de 68,0 ± 12,0 anos), 27 (3,85%) sofreram MSC e 121 (17,3%) atingiram o desfecho arrítmico em uma mediana de 6,93 anos (intervalo interquartil: 5,82-9,32 anos). A FMAV previu a MSC (hazard ratio [HR]: 26,3; intervalo de confiança [IC] de 95%: 3,7-3.337; valor preditivo negativo: 100%). Nas análises de risco competitivo, a FMAV também previu o desfecho arrítmico (HR de subdistribuição: 19,9; IC de 95%: 6,4-61,9; valor preditivo negativo: 98,6%). Comparado com a ausência de FMAV, uma massa FAC medida com o método 5DP (FAC5DP) > 17 g foi associada a maior risco de MSC (HR: 44,6; IC de 95%: 6,12-5.685) e ao desfecho arrítmico (HR de subdistribuição: 30,3; IC de 95%: 9,6-95,8). A adição da massa de FAC5DP à FMAV levou à reclassificação de 39% para MSC e de 50,2% para o desfecho arrítmico. Por outro lado, a FEVE não previu nenhum dos desfechos.
CONCLUSÕESEm receptores de DCEI, a FMAV excluiu pacientes com risco de MSC e praticamente excluiu arritmias ventriculares. A massa quantificada de FAC5DP adicionou valor preditivo em relação à MSC e ao desfecho arrítmico. (J Am Coll Cardiol 2022;79:665-678) © 2022 pela American College of Cardiology Foundation.