ContextoHouve um grande aumento no uso de cigarros eletrônicos (e-cigarros). Diferentemente dos efeitos de cigarros convencionais, há poucos estudos sobre os efeitos dos e-cigarros e seus componentes na mediação da saúde vascular. Porém, devido à sua crescente popularidade, é imperativo avaliar os riscos dos e-cigarros para a saúde, incluindo os efeitos dos seus ingredientes, especialmente a nicotina e os aromatizantes. Objetivos O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos de líquidos aromatizantes (e-líquidos) e soros isolados de e-cigarros sobre seus usuários quanto à saúde endotelial e à ativação de macrófagos dependentes de células endoteliais. Métodos Foram usadas células endoteliais derivadas de células-tronco pluripotentes induzidas por humanos (iPSC-ECs) e uma abordagem de triagem de alto rendimento para avaliar a integridade endotelial após a exposição a seis e-líquidos diferentes com concentrações variadas de nicotina e ao soro de usuários de e-cigarros. ResultadosA citotoxicidade dos e-líquidos variou consideravelmente, com o produto com sabor de canela sendo o mais potente e o que leva a uma viabilidade celular significativamente diminuída, ao aumento dos níveis de espécies reativas de oxigênio (ERO), à atividade da caspase 3/7, à captação de lipoproteínas de baixa densidade, à ativação da via relacionada ao estresse oxidativo e ao comprometimento da formação e migração de tubo, confirmando a disfunção endotelial. Com a exposição das ECs ao e-líquido, o meio condicionado induziu a polarização dos macrófagos a um estado pró-inflamatório, gerando a produção de interleucina-1β e -6 e levando ao aumento de ERO. Após a exposição de iPSC-ECs por humanos ao soro de usuários de e- igarros, foi observado um aumento de ERO ligadas à disfunção endotelial, conforme indicado por propriedades pró-angiogênicas comprometidas. Também foi observado um aumento na expressão de citocinas inflamatórias no soro de usuários de e-cigarros. ConclusõesA exposição aguda ao uso de e-líquidos ou e-cigarros com sabor exacerba a disfunção endotelial, o que, muitas vezes, precede as doenças cardiovasculares. (J Am Coll Cardiol 2019;73;2722-37) © 2019 pela American College of Cardiology Foundation.