Contexto. Há evidências limitadas quanto ao impacto de hábitos de vida saudáveis no risco de subsequentes eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes.
Objetivos. O objetivo deste estudo foi examinar as associações entre um estilo de vida geralmente saudável, definido por uma dieta de alta qualidade (dois quintos superiores do Índice de Alimentação Saudável Alternativo), não tabagismo, atividade física moderada a intensa (≥150 min/semana) e consumo moderado de álcool (5 a 15 g/dia para mulheres e 5 a 30 g/dia para homens), e o risco de desenvolver doenças cardiovasculares (DCV) e mortalidade por DCV em adultos com diabetes tipo 2 (DT2).
Métodos. Esta análise prospectiva incluiu 11.527 participantes com DT2 diagnosticados durante o seguimento (8.970 mulheres do Nurses’ Health Study e 2.557 homens do Health Professionals Follow-Up Study) que não apresentavam DCV nem câncer no momento do diagnóstico. Avaliamos repetidamente os fatores nutricionais e de estilo de vida antes e depois do diagnóstico de DT2 a cada intervalo de 2 a 4 anos.
Resultados. Houve 2.311 casos de DCV prematura e 858 mortes por DCV em um período médio de seguimento de 13,3 anos. Depois do ajuste multivariado de covariáveis, os fatores de estilo de vida de baixo risco após o diagnóstico de diabetes foram associados a um menor risco de incidência de DCV e mortalidade por DCV. As razões de risco ajustadas para multivariáveis nos participantes com três ou mais fatores de estilo de vida de baixo risco foram de 0,48 (IC 95%: 0,40 a 0,59) para a incidência total de DCV, 0,53 (IC 95%: 0,42 a 0,66) para a incidência de coronariopatias, 0,33 (IC 95%: 0,21 a 0,51) para a incidência de AVC e 0,32 (IC 95%: 0,22 a 0,47) para a mortalidade por DCV (tendência para todos os p <0,001) quando comparadas a 0. O risco atribuível na população para uma baixa adesão a um estilo de vida geralmente saudável (<3 fatores de baixo risco) foi de 40,9% (IC 95%: 28,5% a 52,0%) para a mortalidade por DCV. Além disso, grandes melhorias nos fatores de estilo de vida saudáveis entre os diagnósticos de pré-diabetes e pós-diabetes também estiveram significativamente associadas a um menor risco de incidência de DCV e mortalidade por DCV. Para cada incremento numérico nos fatores de estilo de vida de baixo risco, houve um risco 14% menor de incidência total de DCV, um risco 12% menor de coronariopatias, um risco 21% menor de AVC e um risco 27% menor de mortalidade por DCV (todos os p < 0,001). Observamos resultados semelhantes quando as análises foram estratificadas com base na duração do diabetes, sexo/coorte, índice de massa corporal no momento do diagnóstico de diabetes, status de tabagismo e fatores de estilo de vida antes do diagnóstico de diabetes.
Conclusões. A maior adesão a um estilo de vida geralmente saudável está associada a um risco substancialmente menor de incidência de DCV e mortalidade por DCV em adultos com DT2. Esses achados dão maior validação aos imensos benefícios da adoção de um estilo de vida saudável para a redução de subsequentes complicações cardiovasculares em pacientes com DT2.